Destempero Crónico

(programa de festas e estado das coisas)

23 março 2006

Bordoada primeira

A propósito da conversa de encher do fulano (o mesmo a quem uns quantos rapazes do grande monolito vermelho, "infiltrados" na Docapesca, chegaram e sobraram para estragar o arranjinho anterior - e eu até gosto de vela) que quer vender ao estado a segunda central nuclear em território europeu (a outra é na Finlândia) dos últimos vinte anos: eis o que explica tal hiato nesse comércio.

http://www.pixelpress.org/chernobyl/index.html

Recomendam-se estômago para ver e trambelho aos politicantes.

4 Comments:

  • At 6:28 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    E como resolver o problema energético nacional? Alguma sugestão ou ficamo-nos pelo tradicional thema decidenduum/terra nullius?

     
  • At 10:34 da tarde, Blogger Antão Bordoada said…

    Caro Doutor: Presumo que basta que não nos fiquemos pelo deixar andar (de carro todos aqueles que se querem mexer).
    Há várias fontes de energia alternativa exequíveis e disponíveis com uma fracção do orçamento necessário para uma traquitana destas: eólica, das marés, solar (fotovoltaica ou não), hidroeléctrica (continuamos a deixar ir demasiada água para o mar sem a aproveitar e isto é outro problema, i.e. os últimos verões), os sucedâneos de derivados de petróleo (biodiesel e quejandos, que deveriam ser aplicados e ou alargados o quanto antes em todos os sistemas de transportes urbanos, públicos e privados), centrais de biomassa (não há por aí tanta mata por limpar?), a ampliação das redes de gás natural (a propósito, sabia que foi constatado há pouco tempo que as árvores produzem 30% do metano do planeta?), o fim do livre arbítrio dos proprietários dos automóveis no que diz respeito à circulação indiscriminada dos mesmos em certas áreas (os centros históricos das principais cidades do continente, para começar), acompanhado por um potenciamento (e não o vergonhoso abate à má-fila) do sistema ferroviário nacional (que se tem vindo a verificar), a aplicação coerciva de medidas de racionalidade energética (em contraponto à letra da lei, deixada a elanguescer por fiscais complacentes) em toda a indústria e na construção de raíz, acompanhada por estímulos à realização de benfeitorias nos fogos que já estão de pé, o potenciamento do trânsito de velocípedes em ambiente urbanos onde isso é fazível e plausível (e nem todas as cidades portuguesas são a Covilhã ou tem sete colinas), etc, etc.
    Um dos argumentos do coro dos "modernos" é a emissão de gases e o respeito do protocolo de Quioto (bizarro, porque de acordo com a cor política desse orfeão, não se lhes ouvem critícas aos principais fura-acordo). Não tenho dúvida que um "grande salto adiante" concertado, com todas estas medidas inexoravel e programaticamente aplicadas talvez não chegasse para financiar o erário vendendo créditos de emissões (que os mesmos prefiguram como objectivo de "interesse estratégico") mas traria benefícios à ecologia e à economia (saberemos alguma vez o impacto económico da transição rodoviária-nacional-quando-não-era-jumento para "lá estão as seguradoras, o SNS e os municípios-concessionárias de autoestradas - pandilha de empreiteiros do costume a 'arcar' com as consequências da rapaziada que exagerou na mine e deu cabo do cachaço e da propriedade de outrem"?)
    Se preciso for (e é), uma reorganização industrial em grande escala para este efeito (combater o volume de emissões, reduzir a dependência energética), que seja feita. Não andam os gurus a apregoar a inexorabilidade da terciarização? O estado não deve servir (só) para alimentar clientelas e financiar os novos situacionistas (que são aliás como os velhos, sempre a irem ao paço para pedirem tenças). Sei bem que isto não agrada nada aos frequentadores das quermesses do AEI, mas alguém deve conseguir explicar-lhes que o New Deal foi promulgado à sombra do obelisco...

     
  • At 10:14 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Vi o site e é impressionante. No entanto, não é apenas pelo mau exemplo que tivemos aqui que acho que devemos descartar o nuclear. A França tem uma enorme percentagem da sua energia eléctrica produzida através de centrais nucleares e um registo bastante positivo em termos de acidentes. Concordo com o que dizes acima relativamente ao aproveitamento energético que NÃO acontece em Portugal e deveria acontecer, bem como a medidas de poupança de energia, mas uma (ou duas, ou três) centrais nucleares contribuiriam sem dúvida para uma maior independência energética nacional (e porque não pensar mesmo em tornarmo-nos exportadores a médio/longo prazo?). Ainda sonho com a fissão a frio...

     
  • At 9:10 da manhã, Blogger Antão Bordoada said…

    Caro papoila, eu já ficava contente só com 'evolução' (cujo primeiro passo é a racionalização dos consumos). Meio a sério, meio a brincar, relembro a piaducha do "surf now, apocalypse later". Já seria um ponto de partida.

     

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